domingo, 23 de maio de 2010

Invejo os pardais

Invejo incrivelmente os pardais.
Quase vigaristas pousam na ignorância de dois bocados de pau vestidos de trapos. Riem-se de como Cristo foi crucificado.
E num ruído de asas, como se de rasgar de garras se tratasse, voam como quem sabe subir bem alto na vida. E depois voltam e comem.
O espantalho chora. até um símbolo aprende a chorar quando o Homem o faz à sua imagem.
E os pardais? Bem, esses sim são dignos de viver: são, dizemos nós, irracionais. E, por isso, tenho inveja. Tenho inveja de quem morre sem medo da morte. Tenho inveja porque nenhum pardal é tão estúpido como eu, que perdi tempo a escrever isto, enquanto no meu quintal os pardais comem confortavelmente.

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